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The Cybernetics Group - #resumo



Não foi fácil encontrar imagens de Heims, inclusive, esta foi a única que encontrei. As informações pessoais também vieram de apenas dois websites, que estão linkadas nesta apresentação. De acordo com a KeyWiki, Heims fugiu da Alemanha nazista para os Estados Unidos, onde conheceu sua esposa com a qual teve uma filha, a jornalista Leila McDowell-Head que, apoiada pelo seu pai, fez parte do Partido dos Pantera Negra. Segundo Wikipedia, os Pantera Negra tinha como finalidade original da organização era patrulhar guetos negros para proteger os residentes dos atos de brutalidade da polícia. Posteriormente, os Panteras Negras tornaram-se um grupo revolucionário marxista que defendia o armamento de todos os negros, a isenção dos negros de pagamento de impostos e de todas as sanções da chamada "América Branca", a libertação de todos os negros da cadeia e o pagamento de indenizações aos negros por "séculos de exploração branca". A ala mais radical do movimento defendia a luta armada. Este ano, inclusive, Albert Woodfox, um pantera negra preso por mais de 40 anos, foi solto nos Estados Unidos.

Além dessa questão política, a wiki menciona que Steve Heims se recusava a trabalhar em projetos militares, o que, no pós-guerra, limitou muito o seu campo de trabalho como físico. No entanto, ele se dedicou a pesquisas e a ministrar aulas em algumas universidades, como a Dogtown College, onde esta imagem foi tirada. Ele faleceu em 2007 aos 80 anos.

O prefácio deste texto fala bastante sobre o processo de construção do livro - das decisões de abordagens e das mudanças ao longo do tempo. Primeiramente, o tema do livro são as séries de conferências multidisciplinares da Fundação Macy, realizadas entre 1946 e 1953, que discutiam um grande número de tópicos que mais tarde se tornariam aquilo que chamamos de cibernética.

Para falar sobre essas conferências, Heims decide fazer uma abordagem mais centrada nas disciplinas que ele não domina e que estão afastadas da engenharia, biologia e matemática. No entanto, isso traz uma dificuldade maior, pois ele não consegue encontrar algo que diga que essas ciências humanas são, de fato, ciências - de alguma maneira tradicional. Em determinado momento, ele percebe que seu trabalho parece uma grande mistura incoerente e ele deixa o projeto de lado.Quando retoma o projeto, ele muda a abordagem: antes, ele olhava para os indivíduos que faziam as ciências, agora, ele procura olhar para o todo e explorar os chamados grupos de elite no campo.

Dois planos de fundo parecem chamar atenção como influências no trabalho de campo científico: 1. é a condição polítical geral nos Estados Unidos naquele período e, mais especificamente, as condições gerais das ciências da natureza e sociais e o outro 2. são os interesses intelectuais que cada conferência trouxe para o encontro.

No capítulo 1, Heims vai discutir esse primeiro plano de fundo, que são as condições dos Estados Unidos no período das Conferências Macy. Pra trazer um pouco de interação, trouxe algumas imagens das conferências. Essas primeira são de uma sessão espírita no terceiro encontro, que foi de 13 a 14 de março de 1947, a qual não vou me aprofundar, pois imagino que os colegas a trarão em seminário posterior.

O período foi marcado por um sentimento anticomunista, que surge a partir de uma polarização do mundo no pós-guerra e pós-guerra fria. Como podemos ver nos vídeos a seguir.

Senador McCarthy e a lista de comunistas e infiltrados

Propaganda anticomunista do Harding College

Propaganda: como identificar um comunista

Especialmente com a dita lista de comunistas infiltrados mencionada por McCarthy e com o surgimento do macartismo, as universidades se dobram na luta anticomunista, empregando repressão política e demitindo aqueles que poderiam estar envolvidos com atividades suspeitas. Ainda assim, grupos de contracultura resistiram aos esforços, momento em que surge figuras icônicas nas artes estadunidenses.

"Enquanto a repressão política foi sentida pesadamente pelos empregadores das instituições como as universidades, ela não preveniu críticas articuladas dos valores tradicionais e suposições de pessoas de fora. Apesar ou, talvez, em reação ao modo conservador do mainstream, esse era um período de inovação nas artes. Da pequena contracultura do começo dos anos 1950 saiu a poesia beat de Allen Ginsberg e os romances de Jack Kerouac. As inovações musicais de Charlie Parker ("ele engenhou uma deslocação total na estética do jazz"), no período, representaram um ápice da evolução do jazz. No final dos anos 1940, também houve o ponto alto na pintura abstrataexpressionista americana, quando Jackson Pollock fez suas pinturas "poured" nas quais "sínteses não precedentes tomaram o lugar entre o Impressionismo, Cubismo e Automatismo surrealista"." 


Durante a guerra, tanto cientistas naturais como sociais trabalhavam como parte de um time, muitas vezes junto com engenheiros, para endereçar alguns problemas interdisciplinares, como o comportamento, fadiga e manobras de um piloto de aeronave confrontado com aviões inimigos no meio do ar. Neste sentido, a experiência de guerra encontraria nas conferências do grupo de cibernética pós-guerra um bom lugar.

Neste pós-guerra, ao retornarem para seus postos de trabalho, com alguns de seus colegas sendo acusados de comunismo, um grupo de cibernéticos propõe o encontro que vem a se tornar as conferências macy. Eles formaram um rede baseada em interesses científicos em comum que incluiam vários matemáticos, engenheiros (Norbert Wiener, John von Neumann), engenheiros (Julian Bigelow, Claude Shannon), um neuropsiquiatra (Warren McCulloch) e um gênio polimático (Walter Pitts). O que é do interesse, na verdade, é que eles constituiram um tipo de comunidade com idioma partilhado, que eles poderiam falar uns aos outros através do período de anos, e eles chegariam ao consenso da importância científica de um conjunto de noções, o qual será descrito neste livro.

Os cibernéticos formaram um grupo de pessoas nas conferências Macy. Um outro grupo formou um aglomerado que guiou a seleção de representantes das ciências humanas nas conferências. Lawrence K. Frank, Margaret Mead e Gregory Bateson, no cerne deste aglomerado, havia consenso substancial no que valia a pena nas ciências humanas. Eles não eram devotos do behavorismo, mas parte do movimento de "personalidade e cultura". Eles acordaram que alguns conceitos dos cibernéticos eram provavelmente mais valioros nos desenvolvimento de esquemas conceituais nas ciências humanas e iriam ajudar a tornar suas disciplinas mais rigorosas.



Neste ponto na história da ciência e, especialmente, das ciências humanas, tais aglomerações entre grupos de elite conversando entre eles e influenciando entre eles, formaram alguns consensos mútuos sobre o que é importante, como olhar para as coisas e em qual direção o progresso é necessário e usando seus recursos coletivos e prestígio para trazer alguma área de pesquisa é uma parte significante do processo. Estudar as interações de tais aglomerações - como os encontro Macy nos permitem - oferece um bom contrapeso para o tipo de história que alguém escreveria exclusivamente na base dos resultados de pesquisa publicados. De fato, essa é minha visão de tais histórias orientadas a resultados, que deturpam a natureza dessas ciências. Com os pensamentos sobre as questões do comportamento do indivíduo em guerra ou em situações domésticas, esses pesquisadores e pesquisadoras se reuniram para debater os assuntos que poderiam a ver em comum entre eles.

Heims termina seu texto dizendo que: O que era valor de algumas décadas atrás, mas não hoje, podem se tornar importante no próximo ano. Esse ponto pode se tornar claro quando examinamos a história das discussões nos encontros Macy.

Texto para apresentação de seminário na disciplina "computadores como artefatos sociotécnicos", referente ao prefácio e capítulo 01 do livro "Cybernetics Group" de Steve J. Heims.

agosto, 2016.

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